quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Uma mesa, uma conversa e viva a revolução!



Léa tinha a pele delicada e generosamente tingida pela melanina concentrada e bem distribuída em seus belos 1,60 de altura, apesar de magra tinha pernas e braços bem torneados, cabelos bem cuidados e penteados não admitia sair à rua sem uma boa escova e uma olhadela no espelho, nem que fosse o que carregava  na bolsa.
Diante dessa descrição pode-se entender uma mulher dentro dos padrões de beleza brasileira, mas havia algo diferente, era o modo de vestir, ou o andar, ou até a tatuagem que ela trazia na nuca sempre a amostra, ninguém nunca conseguia dizer o que acontecia.
Como era uma mulher independente desde cedo, sempre trabalhou para bancar seus estudos, saiu de casa aos dezoito anos quando conseguiu tirar a carta de motorista, dizia que agora seria a dona de um carro e do seu nariz. Conseguiu aos vinte e dois anos financiar seu primeiro apartamento e fez uma feijoada para comemorar a inauguração do novo lar, como batizou sua casa.
Sempre rodeada de amigos, Léa saia todas as noites para a aula e nas sextas dava uma esticadinha  até o dia amanhecer, era eclética, ia do samba ao rock dando uma passadinha no xote sem preconceitos, só não curtia funk, porque segundo ela, fazia mais barulho que o samba, o rock  e o xote juntos.
Numa noite dessas, depois de cumprir todas as longas tarefas do dia se sentou com a única intenção de tomar uma cerveja, jogar um pouco de conversa fora com um ou dois amigos e ir para casa cedo, mas encontrou num canto, um antigo companheiro de trabalho, um ideólogo, um filósofo, dizia sempre que era fascinada por suas historia  e pensamentos de revolução social que mudariam o mundo.

O encontro foi tão inesperado e feliz que dura até hoje.
Dividiram para multiplicar, diminuíram para somar, contradisseram-se para combinar, brigaram para ter paz e foi assim que um fez a revolução na vida do outro!


Marlene Borges