quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Uma mesa, uma conversa e viva a revolução!



Léa tinha a pele delicada e generosamente tingida pela melanina concentrada e bem distribuída em seus belos 1,60 de altura, apesar de magra tinha pernas e braços bem torneados, cabelos bem cuidados e penteados não admitia sair à rua sem uma boa escova e uma olhadela no espelho, nem que fosse o que carregava  na bolsa.
Diante dessa descrição pode-se entender uma mulher dentro dos padrões de beleza brasileira, mas havia algo diferente, era o modo de vestir, ou o andar, ou até a tatuagem que ela trazia na nuca sempre a amostra, ninguém nunca conseguia dizer o que acontecia.
Como era uma mulher independente desde cedo, sempre trabalhou para bancar seus estudos, saiu de casa aos dezoito anos quando conseguiu tirar a carta de motorista, dizia que agora seria a dona de um carro e do seu nariz. Conseguiu aos vinte e dois anos financiar seu primeiro apartamento e fez uma feijoada para comemorar a inauguração do novo lar, como batizou sua casa.
Sempre rodeada de amigos, Léa saia todas as noites para a aula e nas sextas dava uma esticadinha  até o dia amanhecer, era eclética, ia do samba ao rock dando uma passadinha no xote sem preconceitos, só não curtia funk, porque segundo ela, fazia mais barulho que o samba, o rock  e o xote juntos.
Numa noite dessas, depois de cumprir todas as longas tarefas do dia se sentou com a única intenção de tomar uma cerveja, jogar um pouco de conversa fora com um ou dois amigos e ir para casa cedo, mas encontrou num canto, um antigo companheiro de trabalho, um ideólogo, um filósofo, dizia sempre que era fascinada por suas historia  e pensamentos de revolução social que mudariam o mundo.

O encontro foi tão inesperado e feliz que dura até hoje.
Dividiram para multiplicar, diminuíram para somar, contradisseram-se para combinar, brigaram para ter paz e foi assim que um fez a revolução na vida do outro!


Marlene Borges

sábado, 15 de outubro de 2011

Uma sala vazia e ...


Já era fim de semestre e a maioria das salas pelos corredores fazia eco na escuridão da universidade.
Gabriela era  uma estudante habitualmente tímida, sentava-se no fundo da sala, tinha poucos amigos e estava sempre pelos cantos com livros em mãos, geralmente lia dois ou três ao mesmo tempo.
Mas havia alguns movimentos que chamavam sua atenção.
Por vezes, no café enquanto lia, levantava leve e discretamente seu olhar quando ouvia alguns rumores, não entendia bem, mas , em meio a tantas vozes de um ambiente como aquele  dava atenção especial a uma, seu coração palpitava com aquela risada alta, havia algo diferente, não era simples risada de uma pessoa cercada de outras que o  seguiam, era um brilho auditivo, sonoro, especial.
Desconcentrava, nem sabia mais qual era o parágrafo que havia acabado de ler, desistia, ia para a sala de aulas sem se conformar como uma presença podia lhe atormentar tanto.
Naquela noite, Gabriela estava decidida a colocar em pratica a fantasia que a voz estranhamente distinta em meio a mil,  lhe trazia a mente durante todos os dias de sua presença.
Sentou numa escada e começou a ler casualmente, mas estava tensa, porque  não tinha certeza se o dono da voz passaria por lá, mas depois de alguns minutos, veio a voz, as palpitações e a pessoa, num súbito se levantou, sem dizer uma palavra arrastou-o para a primeira sala do corredor e....


Marlene Borges

sábado, 3 de setembro de 2011

A menina que aprendeu se maquiar


Ela era cercada de cuidados quando pequena, muitos mesmo, saia pouco a rua, ia da escola para casa e de casa para os cultos dominicais, onde aliás tinha sua  maior parcela de amigos,os mais confiáveis diziam seus pais, tanto cuidado fez essa menina ficar meio sedentária, ela não conseguiu andar de bicicleta, quando subiu em arvores já era pré adolescente e se estatelou no chão a primeira vez, mas insistiu, era corajosa e se divertia com essas tentativas, dizia que não sabia bem se eram as cicatrizes que contavam historias ou as historias  que contavam as cicatrizes.
Quando cresceu foi, como todo filho de trabalhador, estudar em escola pública e passou pela profissionalização, escolheu costura, mas se descobriu na modelagem, era divertido criar modelos, vestir babies, cortar tecidos coloridos, pensar em desfiles de moda com aqueles vestidos enfim.


 Então a menina ajudou a produzir um desfile de modas como avaliação final do curso, ela se encantou, que diferente o rosto daquelas modelos pintados como as das atrizes da novela, queria saber como se faziam as maquiagens das modelos, observou, observou, até então só sabia passar batom a caminho da escola, escondido dos pais. Mas ela não conseguiu imitar, e depois pensou que não fazia sentido usar maquiagem em seu dia-a-dia.
Hoje, essa menina cresceu, ela embarcou em uma realidade onde faz sentido ser ela mesma sem vergonha de ser feliz, descobriu que o processo de construção dela é verdadeiro e tem  toda certeza do que quer, é mais decidida,  forte, e isso transparece na sua alma.
A menina virou Mulher, aprendeu a se maquiar porque faz sentido agora, porque se maquiar serve pra dar relevância, destacar sua beleza interior tão ocultada! Vive ansiosa por novidades, e elas virão....

































Marlene Borges.

sábado, 27 de agosto de 2011

Histórias, somente histórias.... Água gel

Dia desses visitei uma cidade no meio, mas bem no meio do agreste. Era bonita, e ao contrário que se pode imediatamente pensar, havia água, árvores viçosas e cheias de frutas coloridas e plantas rasteiras tipicas daquela região. O povo da cidade era simples, contavam histórias maravilhosas, que apesar de serem repetidas, sempre tinham um "Q" de especial, de personalidade de quem contava.
Essa ouvi do seu Nonô, um senhor muito simpático que reunia no fim de cada tarde um amontado de crianças, adolescentes e até adultos para ouvir atentamente suas histórias, as de sempre, que  eram contadas diferentes, e as novas que arrancavam além da atenção de sua platéia, um sonoro AHHHHHHHH!
Então ele ria, e continuava:
Essa cidade que hoje agente vê tanta vida, já passou por dias difíceis! 
Certo dia, fomos buscar água na fonte lá na ladeira e quando colocamos  nas canecas e nos potes a água virou gel, assim mesmo, igual gelatina que vocês gostam de comer cheia de formas quadradas, redondas....
Agente tentava tomar e a água virava gel, quem era muito rápido ainda bebia um golinho, mas a maioria das pessoas que tentavam beber, continuavam com sede.
Pode imaginar o que é a vida sem beber água?
O prefeito chamou um cientista para examinar a água, ele colocou um pouco  num daqueles vidros especiais e água virou gel também, ele olhou, olhou, e depois de muito pensar disse serenamente:
Vossas senhorias precisam de um filtro especial para que a água gel seja modificada e volte ao normal.
Lá no meu barracão temos como costume usar um filtro de barro, ele sempre está pronto a oferecer uma água fresquinha, e tenho que dizer que tava morrendo de saudade de uma água molhada !
Resolvi experimentar e  funcionou, toda a vila foi lá em casa pra beber água fresca e limpinha....
Foi assim.
Depois de ouvi uma história assim tão extraordinária....Eu acordei e fui correndo beber ÁGUA! 


Marlene Borges

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Enquanto houver sol...


Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma idéia vale uma vida...
Quando não houver esperança
Quando não restar nem ilusão
Ainda há de haver esperança
Em cada um de nós
Algo de uma criança...
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol...
Quando não houver caminho
Mesmo sem amor, sem direção
A sós ninguém está sozinho
É caminhando
Que se faz o caminho...
Quando não houver desejo
Quando não restar nem mesmo dor
Ainda há de haver desejo
Em cada um de nós
Aonde Deus colocou...
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol...(3x)
      

Enquanto eu andar....

sábado, 30 de julho de 2011

Outra versão

coco de roda na dança clássica

Ô Amaro, Ô Amaro....Coco de amor!


A Mulher de Mané Amaro

Cascabulho


A mulher de mané amaro mora no alto do bode
Deixou de dançar pagode por isso mesmo deixou
Tomaro o meu amor e deixaro eu no desamparo A mulher de mané amaro mariano carregou
Ô amaro , ô amaro

Ele era um cabra fraco quando a polícia chegou
Deu-lhe uma pisa de facão mais com 3 dias de
Prisão pra ele não iludir a mulher do outro morador
Ô amaro, ô amaro

Um homem claro casou-se com dona clara
Dona clara teve um filho preto da cor de carvão
Mas ela disse que o culpado era o marido que na Hora do nascido apagaro o lampião
Ô amaro, ô amaro

Os cabelos do meu bem
Do lado que eu passo a mão
Dá um cacho soberano Que amarrou meu coração

A mulher de mané amaro morava no alto do bode
Deixou de dançar pagode por isso mesmo deixou
Tomaro o meu amor e deixaro eu no desamparo A mulher de mané amaro mariano carregou
Ô amaro, ô amaro, menina se queres vamos

Eu vou te passar no rio
Do lado que eu te passar
Não sente calor nem frio

Ele era um cabra fraco quando a polícia chegou
Deu-lhe uma pisa de facão mais com 3 dias de
Prisão pra ele não iludir a mulher do outro morador
Ô amaro, ô amaro

Lá detrás de minha casa
Tem um pé de aleluia
Eu beijei a minha moça Outro viu bateu na cuia

Um homem claro casou-se com dona clara
Dona clara teve um filho preto da cor de carvão
Mas ela disse que o culpado era o marido que na Hora do nascido apagaro o lampião

Passarinho preso num canta
Preso deve de cantar
Que eu fui preso sem culpa E cantei pra aliviar

sexta-feira, 29 de julho de 2011


Bom fim de semana!
A vida tem sons que pra gente ouvir
tem que aprender a começar de novo!



sábado, 23 de julho de 2011

Histórias, somente histórias.


Quem se aproximasse daquele casal pensaria sempre na perfeição, na ternura incorporada  neles, eram perfeitos, bonitos, jovens e bem sucedidos social e profissionalmente.
Foram morar algum tempo atrás no sitio da família dele por desejarem se afastar dos centros urbanos e por ela sofrer com a poluição, e apesar das distancias, perceberam que valia a pena sair mais cedo de casa pela qualidade de vida que se anunciava.
No sitio havia uma paisagem paradisíaca, pássaros, arvore frutíferas, fontes de água fresquinhas, onde era até possível ver algumas carpas coloridas e outros peixes ornamentais. A casa era confortável, grande e arejada. Perfeito, diziam a cada passo que davam.
Como disse eram jovens, ela era dessas mulheres que chamam atenção até de shorts, chinelos e com o cabelo preso desajeitado.
 No domingo saíam.  Ele sempre queria mostrar-lhe algo, mas não havia muito a se conhecer naquela cidadezinha, somente uma praça, uma igreja no centro, uma figueira centenária onde a prefeitura  construiu um monumento meio folclórico que dizia que a vida na cidade começou a partir daquela árvore, e a sorveteria que foi eleita o ponto de encontro preferido dos mais jovens. Às vezes ela ia sozinha lá, sentava-se e tomava um sorvete muito lentamente. Mas quem se derretia eram os olhares que testemunhavam a cena.
Ela se divertia com os olhares, e fazia de propósito, queria mais chamar atenção e aproveitava os seus 5minutos de fama que movimentavam a serenidade do lugar onde as horas eram estáticas.
Até que encontrou o que procurava...
Seu marido distante, trabalhando tanto, sentia uma melancolia profunda naquela casa grande e vazia.
Então ele chegou, escreveu alguns versos num guardanapo de papel e a entregou, ela gelou, empalideceu, calou-se sem nenhuma ação.
Os versos:

Vi o meu sentido confundido, iluminado
Vi o sol enluarar, quando viu você 
Vi a tarde inteira, a Sexta-feira, o feriado 
Esperando o amor chegar e trazer você Você chegou querendo
Tudo que o tempo não te deu
E que levou de você; Sem saber que você já sou eu 
Agora não entendo 
O meu relógio o amor tirou 
Mas sei que o meu coração
Tá batendo mais forte  
 Porque você chegou




Esforçou-se durante muito tempo por mudar de vida. Finalmente percebeu que lhe bastava vivê-la.
Marlene Borges.

inspirado em  micro contos  @microcontos
http://microcontos.com.br/ e na poesia de Vander Lee "Iluminado"

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Tava pensando em um texto sobre saudades 


de amigos


Mas outros fizeram melhor que eu!

sábado, 16 de julho de 2011

testemunha brasileirada de uma Inundação idealizada....


Essa é  uma história errada. Todos que leram disseram isso e aposto que quando lerem também pensaram que podia ser diferente...
 J era um homem muito eloqüente, sua presença convencia sempre, era um lorde, um gentleman. Raro homem brasileiro nasceu pobre e critico, sempre via algo errado nas falas dos políticos, dos intelectuais que insistiam que toda a nossa miséria intelectual, social, cultural era fruto da pobreza dos pobres que não se esforçavam pra ter, mas ter o que não se conhece? Como?
J não se conformava.
Sinto muito em não descrever sua face, não a vi, soube através de uma rede social sua  curta historia de vida e vitoria.
Ele, por não se conformar por ser culpado por ser pobre foi à universidade e pediu uma bolsa, conseguiu e estudou ciências sociais, se sentiu pleno, as respostas que procurou em sua infância e  na inquietude da adolescência  pareciam se desvelar, desejou continuar e devorar cada autor, cada conceito, seus textos eram sempre comentados pelos professores como critico, visionário.
Como disse era de origem pobre e para manter-se no curso começou a prestar serviços na própria universidade. Assim J conheceu mais, se agigantou a olhos nus. Aos 23 anos se formou e foi convidado a fazer um curso de especialização  em Londres, hesitou, mas outra bolsa de estudos como essa sabia que não teria condições de bancar, embarcou cheio de esperança para o velho mundo, o berço do socialismo e do capitalismo, o cenário das  grandes lutas sociais dos últimos séculos...
Ao chegar se instalou numa republica   e ouviu que a cidade seria inundada, e que a população emudeceria, depois dessa inundação Londres seria mais uma vez cenário histórico. J enlouqueceu por imaginar que se  tratava de uma revolução e ele seria testemunha ocular em tempo real.
Enquanto essas idéias  ecoavam em sua mente, lia e se preparava para o curso que começaria logo, mas  ouvia um sons vindo do prédio visinho,  era uma agitação que o fazia perder a concentração.
Depois de três noites ouvindo esses ruídos incômodos, resolveu, por curiosidade, investigar de onde vinha aquele barulho, afinal em um lugar onde todos são considerados tão finos e cordiais um barulho que perturbava a leitura de um estudante não lhe parecia  nem cordial e nem fino.
Tocou o interfone no meio da noite fria, o fog de Londres  era arrepiante, então uma voz frágil atendeu com muita calma, J se esforçou em seu inglês pra perguntar se estava tudo bem, a mulher disse que sim e quis saber se podia ajudá-lo em algo. Ele agradeceu, pediu desculpas pelo incomodo e se despediu.   
A velhinha desligou o interfone:
 "Merda! Reclamaram do barulho. E agora, como vou terminar de desmembrar esse corpo?"
J nunca viu a enchente que calaria as vozes gerais londrinas. Estudou, encontrou boa parte das respostas sociais  que procurava, se encantou por uma inglesinha e se casou. Ano passado voltou ao Brasil, só uma pergunta nunca foi respondida! 


Marlene Borges
inspirado em : "curta, contos curtos, http://curtaconto.vilabol.uol.com.br "

sexta-feira, 15 de julho de 2011

É sexta de novo, e a inspiração do dia veio do coco de roda

Margareth Menezes jogou o verso de coco na ciranda de roda  que balança, e no movimento da dança ela  fez a sexta rodá! De olho no desafio, olha o ritmo....

Coco do M 
(Zé do Brejo e Jacinto Silva)

(REFRÃO)
Mané mandou
Maria, Matheu
E Murilo mandou o meu
martelo e meia má
Quando canto esse côco
A minha língua treme
Quem fizer outro côco em M
Eu
amarro e mando matar

Eu sou um matuto moço
Morou no mato é madeira
Mandioca, manipuêra
Marco modo de mudar
Mandei Matias
amarrar mói de marmeleiro Malaquia.
Marinheiro, mangueiro e maracujá.

(REFRÃO)


Mulher maldosa, Madalena, macumbeba,
maniçoba, manipepa, manguito, mero e mangar
Melão maduro, morcego, mosqueiro e muro
Mofino, medo e monturo, mamoeiro e miramar

(REFRÃO)

Mestre Matoso, morador Mendes Medeiro
morava em Monteiro de milho mole, munguzá
malicioso, mungangueto e macumbeiro 
Esse meu côco é maneiro mas é ruim de se cantar.

(REFRÃO)


quinta-feira, 14 de julho de 2011

A procura de um bom tema pra voltar a escrever....

Rita Lee trás uma boa reflexão a respeito de um assunto que interessa desde intelectuais a plebeus de todas as raças, religiões e desejos! Hummmmmmmmmmm......

domingo, 26 de junho de 2011

A vida é um louco balet....


 Vivemos sempre bailando, hora em piruetas no ar, damos duplos carpados perfeitos e vibramos, hora pelo chão nos esforçamos num malabarismo atlético  de alongamentos  sobrehumanos e nos superamos e cada dificuldade!
Temos luzes em nosso foco, temos trevas na ribalta ,temos vitorias e derrotas, e sabemos como e quando acontecem....Quem somos?eternos palhaços no palco da vida....O que somos? Eternos bailarinos, dançando conforme a  música sempre!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Do mar vem....



Do mar vem....
Meu devaneio,das minhas ânsias, dores, desejos, sonhos,
Do mar vem...
Tua presença, minha crença que me percebes
Que me pertences, que sentes
Do mar vem...
Um palpitar, instigado por uma música vibrante,
Talvez delirante de febre que espera, e quer e pede, mas não fala,


Não diz o que o peito ardente, desejante de tudo que espera.
Mas não tem nada, não pode esperar, não pode querer, não pode.
Do mar vem...
Só a certeza que pode ser, limitado, por escolha, por viver calado.
Calado mas, só na voz, no som, o corpo fala, vibra, tilinta como sinos, dá sinais
Sinais, agitos carnais que tremem visivelmente a mera idéia que tu chegaste
do mar vem... Que NÃO me percebes,
Mas qual a importância?
Se podes escrever, podes então expressar em poemas tuas nuvens, tua chuva cai
Do mar vem...
O desejo de seguir só, destino comum a todos os homens em plena transformação,
Dessas que mudam não só a construção, mas vida, a visão.
Seguem assim nossas dores humanas que nos transformam em pequenas cabanas, choupanas sem espaço, feitas de aço, queremos gritar, mas se fizermos, nos transformamos em loucos, mais loucos do que a sanidade vista com a normalidade dessa sociedade, a loucura de querer, não ter, e mesmo assim se encontrar com a maturidade, sim porque as dores fazem crescer.
Merda para as dores, elas não fazem crescer...
Do mar vem...
Dentro de m'alma sinto, e minto a mim mesma, porque tenho medo, medo de mim dos sentidos que me tomam, de tudo que não li, de tudo que não fiz, não porque não vi, minha rimas pobre, são maçantes,massacram meus sentimentos num tédio infinito de dor, de ódio de indefinições, um mundo de indefinições, e palavras não ditas e mau ditas, e nulas, e pré silábicas, e meio gesticuladas.
Do mar vem...
Esses sentimentos calados que moem e remoem todos os ossos do meu corpo, massacram e sinto todos se quebrarem lenta e dolorosamente.
Do mar vem...
A verdade que me sonda, e é tão forte e dolorosa que desejava fosse mentira. O sossego se afastou de mim há tanto tempo que seu nome já me é estranho, as ondas do mar avesso a tudo que esperava, me enjoa, margeia a vida entre o hoje, o ontem e o depois....
Porque do mar vem ondas violentas, verdadeiras, fortes, que me invadem, não pra intimidar, mas para banhar, recomeçar e ser feliz!


Marlene Borges.

domingo, 29 de maio de 2011

Confesso! A poesia que segue não é minha....

As loucuras do que era, do que sou e do que virá

Eu não entendia! Agora já entendi o que significa selecionar...Senti medo, achei que perdia mas Perder o vazio é empobrecer.
Outro tempo começou pra mim agora, mas tenho ainda Promessas que me fiz e que ainda não cumpri.
Sinto que aqui estou com a minha imagem, tudo o que é jogo e tudo que é passagem,no interior das coisas canto nua, aqui livre sou eu, eco da lua,e dos jardins, gestos recebidos, e os tumultos dos gestos presentidos. Aqui sou eu, tudo o quanto amei, não pelo aquilo que só atravessei, não pelos meu rumores que só perdi, não pelos incertos atos que vivi e, mais por tudo que sempre ressoei, que de cujo amor, de amor me eternizei.
Sei também que o que virá me cobrará mais, pelo que conheço, sei que é preciso observar, nem em todos os lugares se deve ir, nem todos os lugares são proibidos, nem todas as palavras são proibidas, só aquelas que não se sabe o significado, porque algum dia alguém vai perguntar porque. Já vi quem chegasse a beira da exaustão por conta do saber, por querer mais do que já tem, por querer beber na fonte e mudar o mundo, porque encantada com suas descobertas entendeu-se redentora do mundo, ingênuo entusiasmo, alguém lhe disse criança que poucos leram o que escrevestes? Que tu sois uma gotinha, daquelas dividas ao meio,que cai no cantinho da folha e que ninguém sabe precisas se molhou o chão ou não? Mas veja, continuar é preciso, existem os que ainda não passaram pelo que passaste, então dizes , testemunha tua experiência, acalma o coração de quem senti essa ansiedade de saber pra mudar o mundo. Assim minha criança, pode ser que mudes o mundo, pode ser que nem vejas, mas alguém depois, vai se lembrar que tu aconselhastes sabiamente porque aqueles malditos, malditos, malditos teóricos que queriam nos convencer que tudo deve ser modificado nessa sociedade maldita e capitalista te convenceram, e falas por eles agora,e outros falaram também. É isso que nos espera... Mas agora deixemos a rua nos levar....
Marlene Borges 

Agora não pergunto mais aonde vai a estrada, agora não espero mais aquela madrugada...vai ser o brilho cego de paixão, faca amolada!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Na balada da Pri......


Já descrevi Priscila aqui, ela é casada, jovem, bonita, trabalha, estuda com meu amigo, e depois do encontro dele com Lyria, ficou sem companhia para a balada, já que seu marido não gosta de sair.
Priscila é uma mulher inquieta, não se conforma com injustiças, com discursos sistemáticos de que tudo está bem quando vê e vivência com o que não está, sempre que pode, na escola onde leciona promove um evento, uma palestra, para provocar a reflexão em seus alunos, e sempre diz que só nos humanizando seremos capazes de lutar contra o sistema opressor.
Mas ela também tinha vida social, pessoal, familiar, foi mãe ainda muito jovem, sempre que pode sai com eles e se orgulhava quando perguntam se são seus irmão...
Como toda mulher articulada, sabe aproveitar cada oportunidade, enxerga as oportunidades nos detalhes, é delicada, discreta e quando quer, vive suas aventuras sem se arriscar.
Semana passada, depois de muito tempo que não passava por aqui, resolveu trazer tequila, limão e uma boa história pra contar.
Na terça, saiu sozinha mesmo, estava cansada, desligou o celular depois do trabalho, queria apenas tomar um drink e relaxar um pouco em silencio, dirigiu até encontrar um bar com um jeito country, boa musica e aberto as quatro da tarde, se acomodou e pediu um Martini, enquanto esperava voltou os olhos pra rua e pode observar alguns carros parando em frente ao bar, percebeu uma oportunidade.
Era uma equipe de vendedores externos chegando para uma reunião e entre eles o amigo de Leo, aquele poeta, boêmio, ele a reconheceu no mesmo momento, sorriu, piscou, e se concentrou na reunião, quando terminou se despediu dos colegas de trabalho, desligou o celular, folgou a gravata, e sem nenhuma cerimônia recomeçaram aquele ultimo encontro de onde pararam, uma bebida, uma caminhada, ela se sentia de novo cortejada, seduzida, totalmente mulher e sensual, ele parecia ler seus pensamentos, prolongaram o resto da tarde, entraram pela noite e ela pensou que não queria voltar pra vida, queria continuar lá, viajando no sonho daqueles braços, deliciando-se com seus desejos, ora delicadamente carinhoso, ora absolutamente animalesco, completo.
Mas precisava voltar e continuar a viver, afinal, pensou amava tudo que construiu, só precisava de um alivio de vez em quando....

Marlene Borges

sexta-feira, 20 de maio de 2011

As loucuras de um tesão viajante...de São Thomé da letras para casa!

Alguns amigos, não importa a situação, sempre tem uma historia extraordinária para animar seja no bar acompanhado por uma breja enfeitando a mesa numa sexta a noite, seja nos corredores da facul, seja na sala de aula.
Enfim, essas figuras são imprescindíveis para as noites ficarem perfeitas e inesquecíveis, tão inesquecíveis que vou tentar retratar mais uma historia louca do meu querido amigo Regis, aquele apaixonado por Paranapiacaba, e que faz todo mundo se apaixonar por aquele lugar.
Mas Regis não vai só pra Paraná. Dessa vez ele recebeu um recado que deveria arrumar as malas porque um de seus maiores amigos passaria a noite e o levaria para uma viagem, a pergunta era inevitável: Pra onde? Não sei, só to repassando o recado. Foi assim que Regis embarcou para uma das maiores aventuras de sua vida.
Como ele costuma dizer, “A treta” ainda nem tinha começado....
Ao sair de casa sem rumo, lenço ou documento, encontra sua namorada, alias, hoje em dia chamaríamos de ficante que, vendo a mochila em suas costas enlouquece e falou a frase mais perigosa de um relacionamento: ou a viagem ou eu?
A resposta de Regis? Até hoje tem uma menina sentada a meio fio chorando arrependida por ter perguntado isso!
Encontrou seu amigo e seguiram para São Thomé da Letras, passaram dois dias numa barraca que se desmantelou com o vento forte característico da região, e depois encontraram uma caverna, chamaram de mocó, e pronto foram curtir o rock, rege, MPB, os back’s, bebidas e tudo que uma viagem louca pode proporcionar. Até que um belo dia, o pouco dinheiro que tinham, os mantimentos que levaram, as frutas das fazendas vizinhas, a padaria que dava pão duro, acabou....E agora? Como estavam com a galera do rock, não queriam sair daquela curtição, então o jeito era se virar por ali mesmo. Aprenderam a fazer brincos, pulseiras de arame, expor nas praças, ganhar dinheiro, a olhar com mais cuidado para a professora de bijuterias, a se aproximar cada vez mais, chamou a moça para acompanhar num vinho numa noite fria, depois levou-a para o mocó, até que depois de quatro meses casou com ela.
É com meu amigo é assim, não tem meio termo, ele foi pra São Thomé das Letras para curtir um rock e um back maneiro, aprendeu e se apaixonou pelo artesanato de bijuterias e pela professora de artesanato levou a muié pra casa, teve três filhos com ela, e ainda viveu dez anos. Dias desses se separou, se casou de novo, teve mais um filho....Mais isso é outra historia para a próxima sexta quem sabe.

Marlene Borges

sexta-feira, 13 de maio de 2011

as loucuras imaginarias, papeis e canetas pelo chão

Quem estuda sabe que o ambiente escolar em qualquer época, desperta a imaginação e, nos liberta, nos torna um tanto adolescentes, as atitudes, as conversas, os comportamentos no ambiente escolar são mais despojados, com ares de leveza, já ouvi que até nos vestimos diferentes quando vamos á aula, a aula não, ao espaço escolar, nem todo mundo vai lá para estudar, sejamos justos. Em nenhum outro lugar vi camiseta de manga cumprida por baixo de camiseta colorida de meia manga, nem calça jeans surrada até o limite com tênis all star branco e sujo. Esse visual muda um pouco em dias que antecedem feriados ou sexta feira, e se o feriado é prolongado ai a produção é ainda melhor, principalmente por parte das meninas.
Cheguei outro dia, ao ambiente escolar e não estava com pique de estudo, isso não é uma constante para mim, em geral sou dedicada. Estava cansada, achando tudo aquilo um tédio, foi quando me sentei no café para tomar uma coca-cola e observei uma dupla sentada em outra mesa, eles estavam cercados por livros, um notebook, pastas, cadernos, canetas, enfim, tinha tanta coisa em cima da mesa que já transbordava pelo chão, e os dois conversavam freneticamente, é orientação, pensei imediatamente, mas quem é o professor e quem é o aluno ali, os dois eram bem jovens e conversavam no mesmo ritmo, era uma discussão muito interessante porque seus olhos não se desviavam por nada.
De repente, a menina parou de falar, repousou a caneta em meio ao caos, levou a mão ao rosto, baixou os olhos que até o momento olhava fixa e atentamente ao seu interlocutor e ficou em silencio por um instante, ele que estava totalmente envolvido no assunto continuou falando ainda, quando percebeu o silencio dela, parou também, levantou e seguiu em direção a uma das lanchonetes, pegou dois copos e voltou a mesa, ofereceu-lhe um dos copos e ficou em silencio ao seu lado.
Numa atitude totalmente tempestiva, ela se levantou, contornou a mesa, pediu que ele se levantasse e meteu-lhe um beijo de cinema, com todo gosto, ele nem reagiu, como poderia?: Aquele desejo parecia sufocado a muito tempo e pedia urgentemente que fosse libertado, e foi...
Juntaram os livros e o notebook em duas mochilas de qualquer jeito, os papeis e as canetas ficaram esquecidos pelo chão , saíram rapidamente do café e da universidade, para onde a imaginação os levassem
. Que sorte a deles, foram para um espaço destinado ao estudo e encontraram o sentimento mais juvenil que se pode ter, o fogo do Tesão....



Marlene Borges